Capitulo II - Coerência da Pena Eterna
pecadores profissionais querem ter o direito de usar e abusar da liberdade de pecar e depois querem ainda ter o direito deles próprios lavrarem suas sentenças. Um destes me perguntou: Como é que um homem peca durante trinta ou cinquenta anos e Deus o lança num inferno eterno? Onde está a justiça ou a misericórdia desse Deus que não dá outra oportunidade a seu filho perdido?
O pensamento do consulente é que a reencarnação é a solução mais justa que há para o caso em apreço, pois ainda insistiu, arguindo: Por que razão o católico joga os seus pecados para cima do sacerdote, seu confessor, o protestante os joga para cima de Cristo, enquanto que o espírita assume a responsabilidade com seus pecados, indo ele próprio expiá-los? Qual dos três é mais justo?
Reencarnação diz respeito ao espírito que uma vez já morou na carne e, desfeita sua casa, isto é, morto o corpo, transmigrou para outro corpo. Essa teoria implica na formação dum corpo desprovido de espírito, para dar ensejo a que o espírito pretendente ocupe o embrião. Nesse caso o novo ser é incompleto. É casa que se constrói e fica exposta a aluguel, aguardando o aparecimento dum inquilino qualquer. Entretanto as Escrituras, na narrativa da criação, coerentemente com a razão, afirmam que Deus criou as espécies separadas, cada uma com sua capacidade reprodutiva, sem interferência de elementos estranhos. Assim, a semente da laranja, por exemplo, tem em si mesma, em estado potencial, a laranjeira com todas as suas características, inclusive espinhos, folhas, flores, frutos e semente para a reprodução de sua espécie.
Com os animais inferiores dá-se o mesmo. Portanto, não se poderia admitir que com o homem, o rei da criação, não fosse assim, ficando ele em grau inferior.
Concluímos, pois, que o homem traz em si mesmo o germe da reprodução completa: Corpo e espírito. As gerações sucessivas em potência, com todas as características de personalidade humana, com todos os poderes inerentes à pessoa, tudo nele está potencialmente.
Essa teoria, em consonância com o Cristianismo, é coerente com a razão e dispensa a reencarnação com suas dificuldades e incongruências.
Quando Deus fez Adão, poderia ter feito Eva do mesmo barro e ter-lhe dado outro espírito como o de Adão.
Na narrativa da criação da espécie humana, Deus não mandou que a terra produzisse, como no caso dos animais. Deus fez primeiro o homem e a mais ninguém. O homem esteve só, até que Deus tirou dele a segunda pessoa. Isso prova que Deus, em Adão, criou a humanidade em potência. Desse tronco único veio toda a humanidade. Isso se prova pelo poliglotismo e pela etnologia, se não quisermos crer na história profana e na Bíblia. Ora, sendo Eva derivada de Adão, e desses dois os filhos, e dos filhos os netos e assim sucessivamente, até que o mundo veio a ser provado, como afirma Paulo: "E DE UM SÓ FEZ TODA A GERAÇÃO DOS HOMENS" (Atos 17:26), temos aí, o monogenismo. "E não fez Ele somente um, sobejando-lhe espírito" (Malaquias 2:15).
Ninguém de bom senso pode afirmar que os homens não sejam hoje mais do que foram um século antes. Portanto, donde viriam os espíritos para povoarem os dois bilhões e oitocentos milhões atualmente existentes?
A teoria cristã, de ser o homem gerado dos pais, em ato simultâneo - os corpos geram o corpo e os espíritos geram o espírito - torna possível a transmissibilidade da culpa de Adão aos filhos, explica a universalidade do pecado e dá uma resposta satisfatória à origem dos espíritos humanos.
As parecenças físicas entre filhos e pais provam a filiação do corpo, e as morais provam a filiação do espírito.
Para se dar a reencarnação seria necessário que o corpo recém-gerado não tivesse espírito - o que seria absurdo e desta forma, o pecado original não teria ido nem até Caim. Como se explica, então, serem todos os homens pecadores?
Será que o Criador só acerta fazer coisa ruim, espíritos pecadores, pois não há homem que não peque? (II Crônicas 6:36).
Pensemos noutro obstáculo de ordem científica: no ato da concepção, o embrião é formado de dois seres paternos, e não de três. O óvulo e o espermatozóide se completam em um ser. O espírito semelhante à faísca saída do choque de dois sexos, vem de ambos, como o corpo. Para outro espírito se alojar aí, teria de começar matando o dono, para lhe roubar a casa. Acho demasiado cedo para a efetivação desse autêntico latrocínio. Isso repele à razão.
A ETERNIDADE E OS SOFRIMENTOS
Quanto à pena eterna, faremos as considerações seguintes: Quando se perde uma joia, o prejuízo é do tamanho do valor da joia perdida.
A pena é eterna, porque a salvação que o pecador perdeu é eterna. Se a salvação fosse temporária, a perdição consequente dessa perda seria igualmente temporária. Doutro lado, os pecados praticados pelos pecadores são também de duração eterna. Com quantos anos de prisão um criminoso que matou seu próximo ou violou a uma virgem conseguirá fazer voltar à vida o morto ou restituirá a honra à sua vítima? Numa base de reta justiça, a pena deve durar enquanto dura o efeito da ação pecaminosa.
A Bíblia afirma: "VISTO que AMOU A MALDIÇÃO, ELA LHE SOBREVENHA, e pois que NÃO DESEJOU A BÊNÇÃO, ELA SE AFASTE DELE. Assim como se vestiu de maldição, como dum vestido, assim penetre ela nas suas entranhas como água e em seus ossos como azeite" (Salmos 109:17 e 18).
Pelo visto, o pecador que se perde tem precisamente aquilo que deseja e está livre do que aborrece.
No mesmo teor falou o profeta: "E aconteceu que, como Ele clamou e eles não ouviram, assim também eles clamarão, mas Eu não ouvirei, diz o Senhor dos Exércitos" (Zacarias 7:13).
Ninguém peca sem consultar a vontade própria. Daí a responsabilidade de seus atos. Quando o pecador rejeita a salvação de Cristo, ele o faz num momento. Numa fração de minuto ele delibera não aceitar aquilo que importa em sua salvação eterna. Como na perda da joia, assim é em relação à salvação. A perdição dura tanto quanto a salvação que se perdeu.
Aqui na terra, onde os juízes, como os réus, são temporários, quando não se dão sentenças de morte, dão-se penas vitalícias. Por que, então, não admitir que ali, onde a vida é eterna, os réus e o juiz são eternos, que se apliquem também penas eternas? Uma coisa não é semelhante a outra? Que adiantaria levar ao céu os ímpios, se estes não se convertem?
O eterno para o espírito é como os cem anos de vida terrena.
ANDANDO PARA LONGE
O pecado que se perde é semelhante a um veículo que, partindo duma cidade, segue sempre em reta o rumo oposto; Quanto mais tempo houver de sua partida, tanto mais longe se achará. Assim acontece ao pecador que se apartou de Cristo. Quanto mais tempo houver que O rejeitou, tanto mais longe está de sua salvação, como afirmam as Escrituras: "visto que não desejou a benção, ela se afaste dele".
Se a salvação é alguma coisa que não pode ser alcançada, é importante e mesmo urgente que se aproveitem as oportunidades. A advertência bíblica insiste n, esses termos: "Até quando, ó simples, AMAREIS A SIMPLICIDADE? E VÓS, ESCARNECEDORES, DESEJAREIS O ESCÁRNIO? E VÓS, LOUCOS, ABORRECEREIS O CONHECIMENTO? Convertei-vos pela minha repreensão; eis que abundantemente derramarei sobre vós o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras".
Mas, porque clamei, e vós RECUSASTES; porque estendi a minha mão, e NÃO HOUVE QUEM DESSE ATENÇÃO; antes REJEITASTES TODO o meu conselho, e NÃO QUISESTES a minha repreensão; TAMBÉM ME RIREI NA VOSSA PERDIÇÃO e ZOMBAREI, vindo o vosso temor. Vindo como assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia, então a MIM CLAMARÃO, MAS EU NÃO RESPONDEREI; de madrugada me buscarão, mas NÃO ME ACHARÃO. Porquanto aborreceram o conhecimento, e não PREFERIRAM o temor do Senhor; NÃO QUISERAM o meu conselho e DESPREZARAM toda minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. Porque o desvio dos simples os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá". (Provérbios 1:22 a 32).
A salvação, ainda que tenha sua única oportunidade no percurso desta vida, não é imposta à soberana vontade do homem. É oferecida gratuitamente, na base da graça de Cristo, mediante a fé. E desde que o homem deliberada, consciente e voluntariamente despreze o favor de Deus, da mesma forma, deliberada, consciente e voluntariamente se lança à perdição. "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados" (Lamentações de Jeremias 3:39).
Quantos anos de castigo e que espécie de torturas bastariam para purificar o homem responsável pela morte de milhões, viuvez, orfandade, invalidez, fome, miséria, somados a todas as consequências da segunda grande guerra? Alguma coisa menor do que a eternidade no inferno equivale aos males que tal fera humana causou à humanidade?
O evangelho é a voz de Deus querendo evitar a perdição do homem. "SE HOJE OUVIRDES A SUA VOZ NÃO ENDUREÇAIS OS VOSSOS CORAÇÕES" (Hebreus 3:7 e 8).
Na eternidade será demasiado tarde e longe da oportunidade que o dia de hoje oferece ao homem. "Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação" (II Cor. 6:12).
A concepção é o ato da reprodução do corpo e do espírito. Os corpos produzem a semente onde a nova vida reside. No mesmo ato, os espíritos paternos emitem deles mesmos uma espécie de luz que é a substância espiritual. É produto de ambos, como a faísca produzida pelo choque da pedra e do fuzil, ou mesmo de duas pedras. Não sai apenas de um. Procede dos dois e é essência dos dois. Leva as características dos dois.
Esse fenômeno deve ser estudado no caso único e especialíssimo da encarnação do Filho de Deus.
O corpo de Jesus não é apenas a semente da mulher, como também o Espírito não é apenas o Cristo. Ali estão os dois. Deus e o homem em um só ser. Homem, corpo e espírito e Deus, corpo e espírito; pois no ato da concepção o Espírito de Deus - fonte de toda a criação - pairou sobre Maria, justamente como no ato da criação da terra. Genesis 1:2, para incubar ou comunicar a vida, criar ou gerar. Ora, Maria estava em condições de conceber. Faltava-lhe o elemento fertilizante. Deus, por meio daqueles raios de luz, fertilizou-a. Daí surgiu o corpo de Jesus, gerado da mulher e de Deus, formando uma só carne. Do mesmo modo, o Espírito de Deus, entrando na mulher, juntou-se à parcela do espírito dela e se fez um. Porque "o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito" (I Coríntios 6:17). Desta forma, o filho de Deus pode ser filho do homem. Corpo e espírito, para assumir a responsabilidade do pecado, em base de reta justiça. Doutra sorte Ele não seria filho do homem, ou semente da mulher, donde não ser possível o cumprimento da profecia de Genesis 3:15. Teria de ter obrigatoriamente do espírito de Adão, para nele castigar a raça decaída.
As dificuldades de entender esse mistério são aparentes. Consistem apenas no erro da concepção do que é espírito. As definições de espírito são incompletas e não traduzem a verdade em seu todo. Pelos ensinos de Paulo podemos aprender um pouco a respeito de espírito. Vejamos os textos seguintes: "vós, porém, não estais na carne, mas no espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós ...mas recebeste o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: ABBA, PAI. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". (Romanos 8:9, 15 e 16). Também em I Coríntios 12:13, o mesmo autor nos fala de termos bebido do mesmo Espírito. Pelo que se depreende desses textos, não há uma linha divisória entre nosso espírito e o Espírito Santo, uma vez possuídos por Ele, bebendo dEle, ou servindo de templo para Ele. Sendo o espírito uma substância simples, sendo unido a outro espírito, fica nele integrado. É isso que Paulo pretende dizer quando afirma que "o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito".
E, você, amigo Leitor, concorda com o posicionamento do Pr. Zacarias Campelo sobre a Pena Eterna. Dê sua opinião nos comentários desta postagem.
Transcrito do Livro do Pr. Zacarias Campelo - por Eduardo Bastos - 16/09/2021.
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