Localização Cósmica do Céu e do Inferno - Parte II


Capitulo I - Necessidade Moral do Inferno

O homem, imbuído de seus próprios pensamentos e no intuito de tranquilizar sua consciência em relação à certeza da punição de seus atos pecaminosos, tem criado artifícios e teorias para solucionar o mais sério de todos os problemas humanos, o da responsabilidade e da punição do pecado. 

Mas Deus já estabeleceu sua norma de julgar os seres racionais, pois "cada um dará conta de si mesmo a Deus" (Romanos 14:12).

"Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar contas no dia do juízo." (Mateus 12:36).  "Os quais hão de DAR CONTA ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos". (I Pedro 4:5).

E, "eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também, a alma do filho é minha: a ALMA QUE PECAR, ESSA MORRERÁ" (Ezequiel 18:4); também: "Deus há de TRAZER A JUIZO TODA A OBRA, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau" (Eclesiastes 12:14).  

Assim não adianta aos criminosos inventarem teorias e estabelecerem regras para Deus, disciplinando a conduta do divino juiz, no que diz respeito aos castigos dos pecadores deste ou dos outros mundos. 

Ora, sendo inevitável o juízo e tendo cada homem dentro de si mesmo o tribunal e a Lei pela qual será julgado, é natural que cada criminoso procure fugir e esse juízo, mesmo que seja por processos fúteis e precários.

É mais comum que os defensores da pena temporária  comecem por certos raciocínios pueris, querendo explorar, em benefício de suas ideias, a BONDADE, a misericórdia e o amor de Deus.  Para os tais, um Deus infinitamente bom, não permite a existência dum lugar de suplícios eternos, para onde são enviados os FILHOS desobedientes.  (Filhos é a designação imprópria que tais advogados dão aos pecadores desobedientes).

Alguns argumentam: "Se eu que sou mau, não condeno um filho a castigos permanentes, quanto mais um Deus de amor!"  De todas as objeções, a aparentemente mais forte é a dum Juiz de Direito que apresentou a seguinte: "Se souber que, pondo meu filho, numa certa cidade, ele se corrompe  e que eu precisaria, por isso mesmo, castigá-lo, eu nunca o poria lá.  Como, pois, conceber que, sendo Deus onisciente e bom, pusesse o homem no mundo para que esse pecasse e depois viesse Deus a puni-lo com pena eterna? Não poderia Deus evitar o evento do pecado?"

Para  mim, todas essas objeções se resumem em uma: POR QUE DEUS, SENDO PODEROSO, PERMITE A EXISTÊNCIA DO MAL?

Respondendo a todas essas objeções, começaremos perguntando: Se não existisse, o mal, qual seria a razão de ser da bondade, da misericórdia e do amor de Deus?  Se não é para perdoar os erros, dispensar favores imerecidos e livrar do mal, para que essas virtudes?

Ou ainda: Todos nós temos um emprego.  Um é médico, outro farmacêutico, outro advogado, juiz, militar, mais um é agricultor, padre, pastor ou professor, etc. Se não houvesse o mal, qual seria o emprego de cada pessoa? Não consiste a vida numa luta, como bem a definiu o poeta maranhense, A. G. Dias? 
"Não chores, meu filho.
Não chores, que a vida
É luta renhida.
Viver é lutar.
A vida é combate. 
Que aos fracos abate, 
E aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar"

O viver é a competição entre as forças do  BEM e do MAL, quando o mal prevalece, é a DOENÇA.  Quando o mal triunfa, é a MORTE.  Quando há equilíbrio, é a SAÚDE.  Quando o bem triunfa, é a VIDA. 

O viver, quer se pesquise nos laboratórios, quer se examine as especulações filosóficas ou as revelações bíblicas, os resultados são sempre os mesmos, o VIVER é mesmo a luta de dois princípios , de duas forças que se opõe.  Que são prótons e elétrons, senão forças positivas e negativas? O ser e o não ser? O sim e o não? O bem e o mal? E não é aí mesmo que começa a vida? O neutron é o pacificador para evitar a destruição, a conflagração, o fim.  

Na outra fase da existência do homem o fenômeno é idêntico.  O homem é o campo de competições.  Quando o mal triunfa na vida dum homem, é a degradação.  É a ruína moral, que é a morte espiritual. 

Negar a existência do Mal é um contra senso.  É a mesma coisa negar o bem.

A tese monista de que o que existe, reputado por mal, é apenas um bem menor, é absurda, pois, eles reagem ante o mal, contra uma agressão física, queixam à polícia, recorrem ao médico, ao farmacêutico, quando premidos pelas correntes do mal, trabalham para se livrarem da fome, das doenças e dos perigos de morte. 

Porque exigem justiça, ante os crimes? Gostariam eles de que as autoridades abandonassem seus postos, os criminosos vivessem em liberdade, a vadiagem campeando  às soltas, sem nenhuma medida repressiva? Que as cadeias fossem suprimidas, os guardas se ocupassem da lavoura, os juízes deixassem a judicatura e a sociedade ficasse entregue à própria sorte? 

Ora, sendo o homem a imagem e a semelhança de Deus, claro está que ele tem poder soberano sobre sua própria vontade.  Isto é, tem liberdade de fazer ou deixar de fazer o que quiser.  Daí a responsabilidade de seus atos.  Perante o Criador, o homem não tem desculpas de seu pecado, dado o fato de haver Deus dotado de consciência que é a voz de Deus no homem.  Sem essa, pouca ou nenhuma culpa teria o homem de seus atos. 

Que o homem é um inveterado pecador, ninguém de bom senso quer contestar. 

Ora, se o homem, sabendo de sua condenação certa, vive constantemente a transigir com o cumprimento de seus deveres, imaginemos o de que não seria ele capaz, se pudesse contar com a displicência dum Deus bonachão, que vivesse a receber criminosos impunes em sua corte, sob o fútil pretexto de ser MISERICORDIOSO desprezando a justiça e a retidão! Bondade sem justiça é crime.   Se o homem peca conscientemente, é justo que seja punido.

O ser humano que gasta toda sua vida terrena pecando, o que equivale a dizer, perdendo-se, no fim dessa jornada de desperdício, o que terá ele alcançado, senão a própria perdição?  Andou toda sua vida terrena degradando-se, descendo: findará em baixo, pois, "para o entendido, o CAMINHO DA VIDA É PARA CIMA, para que ele se desvie do INFERNO que ESTÁ EM BAIXO" (Provérbios 15:24).

Uma cidade, para ter paz e segurança, necessita de uma cadeia, onde os maus são guardados.  Para que se mantenha limpa é preciso haver uma usina de incineração ou, pelo menos, um lugar onde se possa depositar o lixo.  Uma casa, para se conservar limpa em condições de garantir as condições de habitabilidade, deve ter um lugar baixo e oculto, para onde se vão as impurezas do domicilio. 

Também, o céu, só poderá ser céu, com as características de lugar de santidade, de paz, de gozo e alegria, se existir um outro lugar, para onde os maus espíritos se vão segregar; pois não adiantaria levar ao céu os inconversos, por que eles não se aclimatariam lá.  Isaías, o profeta, afirma: "AINDA QUE SE MOSTRE FAVOR AO IMPIO, NEM POR ISSO APRENDERÁ A JUSTIÇA; ATÉ NA TERRA DA RETIDÃO ELE PRATICA A INIQUIDADE, E NÃO ATENTA PARA A MAJESTADE DO SENHOR" (Isaías 26:10).

A crer no que a Bíblia afirma, de bom grado dispensamos argumentos  outros, pois as declarações são categóricas.  Se não, vejamos: "FICARÃO DE FORA DA CIDADE SANTA, os cães, e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira" (Apocalipse 22:15).  E, essa outra: "Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no LAGO QUE ARDE com fogo e enxofre, que é a segunda morte".  E também: "E não entrará na CIDADE SANTA coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida e do Cordeiro" (Apocalipse 21:8 e 21:37 respectivamente).  Acho que esse testemunho já é suficiente, para quem gosta da verdade.  

LEMBRANÇA DOS PERDIDOS

Alguém objetou ser impossível haver alegria no céu, se os salvos tiverem parentes próximos no inferno.  A essa objeção respondemos: 

a) Perante Deus, todos seremos iguais.  Cada um dará conta somente de si mesmo.  Não existe a relação de parentesco. 

b) Nunca se ouviu falar de alguma pessoa que, estando em gozo, nos banquetes, nos bailes, envolvida nos prazeres, que se lembrasse dos que estão em miséria, na doença ou torturados nas prisões, famintos, na sarjeta à margem da vida.  O esquecimento dos infelizes é uma resultante da felicidade.

A felicidade anula a lembrança do mal. 

Na parábola do Rico e Lázaro, aquele que está em gozo, no seio de Abraão, não vê ao que está em sofrimentos; pelo contrário, o que está em sofrimento vê ao que está no céu. 

Quem está na luz não vê a quem está em trevas, porém quem está em trevas vê a quem está na luz.  Vê e se lembra do passado perdido, para que se lhe aumentem ainda mais os sofrimentos, acossado pela consciência, acusando-o de deveres não cumpridos. Assim, quem está na escuridão  das trevas infernais pode perfeitamente ver, lembrar-se e até invejar a quem está na luz do céu.  Igualmente, quem está doente, faminto ou atormentado lembra-se de quem está feliz na abastança e gozando as alegrias da vida. 

Conclusão: Se o mal é evidente, se o homem é livre para pecar ou deixar de pecar, Se Deus é justo e não terá por inocente ao culpado, se a punição do crime é uma necessidade moral, é lógico que haja a mesma necessidade moral dum lugar para onde será recolhido o lixo humano e o lixo angélico (ambos decaídos).  É o inferno criado para o Diabo e seus anjos (Mateus 25:41), e eventualmente usado para encerrar os espíritos dos homens desobedientes, dos homens que resistem à verdade e se chafurdam no lodaçal dos vícios e dos pecados que são a ruína moral da espécie humana.  

"A ingratidão tira a afeição", diz o provérbio popular. 

Em Provérbios de Salomão se confirma: "O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte" (Provérbios 18:19).  Contrariar alguém aos nossos amigos, a nosso pai, anula a amizade de parentes íntimos.  E que amigo mais amável e que Pai mais respeitável e mais digno do nosso amor temos do que Deus?   Poderíamos gostar de quem afronta, dos que desagradam ou mesmo ofendem a Deus? Não é Ele nosso parente, nosso AMIGO MAIS ACHEGADO DO QUE UM IRMÃO? (Provérbios 18:24).  

Concluímos que os que se perdem vão à terra do esquecimento (Salmo 88:12).  

Se no fim, o BEM triunfar, como esperam os cristãos, o MAL será punido e com ele os que a ele se se aderirem.  A vitória, a salvação, o triunfo pertencem ao BEM e aos que a ele aderirem.  

A doutrina da extinção do espírito é apenas uma questão de preferência entre a pena vitalícia e a pena capital.  

Se pena eterna é perversidade, pena capital é perversidade requintada.  

E você, amigo, após ler este primeiro capítulo do livro escrito pelo Pr. Zacarias Campelo, de que lado está? Do BEM ou do MAL? Vai para o Céu ou para o Inferno? 

Transcrito por Eduardo Bastos - 16/09/2021.  

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