Localização Cósmica do Céu e do Inferno - Parte VIII

Capítulo VII - Inferno, suja Localização e Natureza

Talvez pela repugnância que o nome causa, rareiam os escritores sérios que se refiram ao inferno.  A própria doutrina é tão ignorada quão repudiada.  Os pregadores fogem mesmo ao assunto, pois o auditório não tolera pregadores que, ao invés de pregarem da sabedoria, da bondade, da misericórdia e do amor de Deus, se ocupam de assuntos já superados.  Entretanto, se não existisse o inferno, de bom grado dispensaríamos todas essas virtudes do Altíssimo, pois, não tínhamos o que temer nem o que desejar.

Porque já tratamos fartamente noutros capítulos sobre a necessidade da existência dum tal lugar, aqui nos limitaremos a provar sua localização. 

Não pretendemos forçar ninguém a crer no que afirmamos. Queremos apenas tornar evidente os ensinos claros das Sagradas Escrituras,  Se há alguma novidade no que aqui se expõe, a culpa é talvez, da falta de interesse no assunto. 

Parece displicência, mas é crime, um ministro da guerra treinar e enviar um exército a outro país, falar-lhe da guerra que se desfechará, da ferocidade dos inimigos e não ensinar nada, da topografia do campo de batalha nem da estratégia da guerra. 

Assim são nossos soldados evangélicos.  Um eminente soldado de nossas fileiras evangélicas, em posição de general de brigada, asseverou que o inferno é um ESTADO DA ALMA.  Fiquei atônito.  Tive insônia.  Minha única desforra é escrever um livro, mesmo que não venha a ser combatido, por não ter leitores.  Mas a conclusão a que pude chegar a respeito de tamanho disparate, é que não faltou àquele cavalheiro inteligência nem boa fé.  Faltou-lhe, isto sim, tempo para ler e meditar sobre os ensinos da Bíblia.   Antes de entrarmos em cheio no assunto, pensemos nas declarações de Cristo a respeito do inferno:  "ENTRAI PELA PORTA ESTREITA, porque LARGA é a porta e ESPAÇOSO O CAMINHO que conduz à perdição e MUITOS SÃO OS QUE ENTRAM POR ELE" (Mateus 7:13).  Um caminho espaçoso em que muitos andam e que, todavia, não vai dar a LUGAR nenhum? Ou o Mestre não sabia o que afirmava?

Mais outro exemplo: "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: APARTAI-VOS de mim, malditos, para O FOGO ETERNO, PREPARADO PARA O DIABO E SEUS ANJOS (Mateus 25:41).  Para que SEPARAR os malditos, uma vez que eles para onde quer que fossem, levariam consigo o inferno, se ele fosse apenas o mau estado do espírito?

Um lugar adrede preparado para o DIABO e seus anjos e que, todavia, não existe, se o inferno é o mal estar do espírito? Com essa modalidade de inferno, os sofrimentos seriam intermitentes, pois bastaria uma mudança de atitude mental para mudar o estado do espírito.  Ora, estaria no céu, na alegria, na paz, para logo depois voltar às chamas convulsionantes do inferno.  Tal seria a condição, se o inferno fosse o mal estar do espírito e não um lugar.  Mas a Bíblia ensina que tanto o céu, como o inferno são lugares para os redimidos ou para os perdidos.  Com efeito, o fato de os espíritos não estarem sujeitos a certas limitações materiais, não invalida a doutrina da prisão dos maus espíritos.  Se não fosse assim, por que razão o Santo Espírito inspirou o escritor sacro a dizer: "Mas quero lembra-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram; e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a SUA PRÓPRIA HABITAÇÃO, RESERVOU NA ESCURIDÃO, e EM PRISÕES ETERNAS até ao juízo daquele grande dia" (Judas 5,6).  

Observe-se que os anjos também são espíritos, e tanto tinham habitação antes de caírem, como tivemos depois, embora, a última fosse prisão e não morada. 

E, por que negar que os espíritos precisam de lugar para habitar? Não somos nós espíritos? Não ocupamos o nosso corpo como nossa habitação? Quando deixarmos nossa casa terrestre, não iremos ocupar outra casa de feitura diferente, mas sempre uma casa? "Porque sabemos que se NOSSA CASA terrestre DESTE TABERNÁCULO se desfizer, temos de Deus um EDIFÍCIO, UMA CASA não feita por mãos, eterna, nos céus" (II Coríntios 5:1).  Não disse Jesus: "Vou preparar-vos lugar"? Quem não for para o LUGAR preparado por Jesus, para os seus, com certeza irá para O LUGAR preparado para o DIABO e seus anjos.

ONDE É O INFERNO?

Para responder a essa pergunta se escreveu este livro. 

A última palavra não está comigo.  É de competência dos oceanógrafos dizerem com precisão onde fica o inferno.  Entretanto, aqui fica registrado o máximo que posso dizer, baseado apenas na Bíblia e nos parcos conhecimentos que tenho dos mares.  

Nossa afirmativa simples, categórica, é que o INFERNO ESTÁ SITUADO NO PLANETA TERRA.  

Passemos agora às provas: As Sagradas Escrituras nos dão um roteiro certo para a localização do inferno.  Elas afirmam que o inferno foi criado para o Diabo e seus anjos - os demônios.  Satanás, que é o mesmo Diabo, antes de se tornar o adversário, morava no Paraíso de Deus (Ezequiel 28:14).  Rebelando-se, foi derrubado aqui na terra.  Desde então, embora tenha ele certa liberdade, sua área de influência é a terra. 

Ora, se o inferno não estivesse situado na terra, outra seria a história humana.  Nem saberíamos notícia de inferno. 

A respeito dos antecedentes de Satanás, lemos na Bíblia: "Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.  Estavas no Éden, Jardim de Deus; toda a pedra preciosa era a tua cobertura: a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados.  Tu eras querubim ungido para proteger, e estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.  

Perfeito, eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. 

Na multiplicação do teu comércio se encheu o teu interior, de violência, e PECASTE; pelo que TE LANÇAREI PROFANADO FORA DO MONTE DE DEUS, e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas.  

ELEVOU-SE o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; POR TERRA TE LANCEI, diante dos reis te pus, para que olhem para ti" (Ezequiel 28:12-17).

"Pois a soberba precede a ruína e a altivez do espírito precede a queda" (Provérbios 16:18).  Aí está a primeira documentação.  Por terra foi lançado.  E sua obra se desenvolve na terra.  A tragédia de Satanás se mistura à do homem.  Ambos escolheram o caminho da desobediência.  Ambos foram expulsos do Jardim.  Um foi lançado à terra, o outro mandado a cultivar a terra.  A enfrentar o batente e lutar pela vida.  E a terra continua sendo o cenário onde a obra pecaminosa do Diabo se desenvolve e onde o homem deve resolver o problema de sua volta para Deus ou continuar sob a influência maligna do Diabo e, consequentemente, unir seu destino ao dele. 

A minha maneira de entender, o Éden - Jardim de Deus, é na terra - lá para as bandas do Oriente (Gênesis 2).  Antes de ser presenteado ao homem, teria sido a habitação do que era chamado estrela do amanhã, filha da alva, a saber, Lucífer.  Este era o tronco duma geração angélica.  Como Adão que perdeu consigo mesmo a humanidade, assim Lucífer perdeu consigo também a sua geração. 

O tempo desse evento, perde-se na noite imensa dum passado remoto, pois a terra ainda era inabitável para o homem, estando ainda bastante quente, pois Lucífer habitava entre as pedras afogueadas (Ezequiel 28:14).  Sua habitação, pelas riquezas minerais, se identifica com a de Adão.  A ornamentação de seu palácio é de pedras preciosas e ouro (Ezequiel 28:13).  A habitação de Adão, também é situada na terra do ouro e das pedras preciosas (Genesis 2:11-12).  A conclusão é que a terra, antes dos homens, era dos anjos.  Perderam a posse, pela desobediência e foram lançados na grande sepultura, que é o inferno.  Perderam o Monte de Deus e tiveram como habitação um grande e escuro vale.  Era filho da Luz - isto é, amigo da luz e se foi à escuridão.  Cobiçou um trono e teve uma sepultura, que é um trono invertido.  Cobiçou ser semelhante ao Altíssimo e tornou-se semelhante à serpente, que anda de rojo.  No Paraíso teria por sua jurisdição a terra.  Lançado por terra, teve lá nas profundezas marítimas sua cova, embora seu campo seja a terra.

O homem, posto no jardim, aceitou as sugestões de Satanás e tomou a mesma atitude e igual destino.  A sepultura do homem é, pois, uma figura da sepultura de Satanás, donde ser fácil a confusão entre o inferno e sepultura. 

Outra prova de ser a terra o campo de ação de Satanás é a instrução de Paulo, no teor seguinte: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na tua força do seu poder.  Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais ESTAR FIRMES CONTRAS AS ASTUTAS CILADAS DO DIABO, porque  NÃO TEMOS QUE LUTAR CONTRA A CARNE E SANGUE, MAS SIM CONTRA OS PRINCIPADOS, contra as POTESTADES, contra os PRÍNCIPES DAS TREVAS, deste século, contra as HOSTES ESPIRITUAIS da maldade, nos lugares celestiais" (Efésios 6:10-12).  pelo visto, nosso inimigo, é, de fato, nosso vizinho.  Isso, todavia, não apoia a afirmativa de que a terra é o inferno.  Apenas prova que sua habitação, a despeito de sua qualidade de ente espiritual, é na terra e sua esfera de influência, agora, limita-se à terra.

O apóstolo Pedro afirmou na casa de Cornélio que "Jesus andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo" (Atos 10:38). Isso implica em dizer que o Diabo anda por aí oprimindo o povo.  Ora, toda a obra má, todos os crimes que enchem as páginas dos jornais, todas as injustiças praticadas na terra e mal estar que agita a humana espécie, é obra do Diabo.  Por que pensar que sua morada é fora da terra se sua tenda de trabalho está aqui assentada? (Apocalipse 2:13).

O espiritismo ensina que o inferno está dentro de cada pessoa que está praticando ou ao menos pensando no mal.  Essa é outra filosofia.  O que a Bíblia ensina é que há mesmo um lugar para onde irão os presos de Satanás.  Isto posto, passaremos à sua localização propriamente dita. 

É NAS PARTES MAIS BAIXAS DA TERRA

"Para o entendido, o CAMINHO DA VIDA é para cima, para que ele se desvie do INFERNO QUE ESTÁ EM BAIXO" (Provérbios 15:24). 

Repito aqui o que já afirmei noutra página: que a direção para baixo se refere à para o centro da terra.  E para cima, se confunde com a para fora.  Pois a linguagem humana não poderia ser em termos universais, e sim, em termos terráqueos.  O texto em apreço tanto é uma referência ao céu, que é o CAMINHO DA VIDA, como ao inferno.  O Espírito de Deus, inspirador da Bíblia, não poderia laborar em erros.  Sabe ele muito bem onde está situada a sepultura da antiga serpente. 

Consultemos, agora, as escrituras que fazem alusão às partes mais baixa da terra, como sendo o local indicado para o inferno: "Mas aqueles que procuram a minha vida para a destruírem IRÃO PARA AS PROFUNDEZAS DA TERRA"  (Salmo 63:9).  O Salmo aqui citado é messiânico.  A referência aos que irão para AS PROFUNDEZAS da terra, é aos adversários de Cristo.  O destino deles não poderia ser nenhuma depressão da terra, lugar a que pudessem ir com vida, senão ao inferno.  E esse lugar se confunde com a maior e mais profunda depressão da terra, porém não é o lugar de vivos, e sim de mortos.  Veja-se também Salmos 55:15, onde se lê: "A morte os assalte, e vivos os engula a terra".  A terra aqui é a tradução de SEOL - que é inferno.

Temos outra referência a esse mesmo lugar, citada por um escritor do Novo Testamento.  "Ora, isto - Ele subiu - que é senão que também antes tinha descido às PARTES MAIS BAIXAS DA TERRA?" (Efésios 4:9).  Esta escritura é uma referência à ida de Cristo ao inferno, fato que ocorreu imediatamente após sua morte, citado por Pedro, o apóstolo, em sua primeira carta, capitulo 3 e 4, e muito ilustrado no Velho Testamento, principalmente em todos os salmos messiânicos. 

Uma passagem do Velho Testamento que impressiona, pela antiguidade e clareza de expressão é Jó 26:5 e 6: "Os mortos tremem DEBAIXO DAS ÁGUAS, COM OS SEUS MORADORES, O INFERNO ESTÁ NU PERANTE ELE, e não há coberta para a perdição". 

A nudez do inferno aqui citada é com o propósito de mostrar a onipresença de Deus.  Nem o fato de estar em lugar tão oculto veda a presença do Todo-poderoso. 

Talvez Romanos 10:6-7, à luz de seu verdadeiro sentido, pudesse lançar mais luz sobre este assunto, bem como Deuteronômio 30:12-13, pois ambos esses textos se relacionam ao mesmo fato.  Porém, contentemo-nos com as duas referências que foram citadas em primeiro lugar e passemos à frente. 

É NAS PROFUNDEZAS DO OCEANO

Já o texto de Jó indicou onde os mortos (mortos espiritualmente, pois o corpo morto não se move), se mexem ou tremem.  É uma indicação de que ali se sofre e se faz movimento. 

Uma antiga descrição do inferno é do Velho Testamento: "Porque uma TOFETE está preparada desde ontem; sim, está preparada para o rei; ele a fez PROFUNDA E LARGA; a sua PILHA é fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre a acenderá" (Isaías 30:33).

Tofete, ou vale da matança, é uma figura do lugar de suplícios.  Era um antigo vale de Jerusalém que se tornou um lugar imundo, próprio para despejo do lixo da cidade e onde o sangue de diferentes povos correu em tempos de guerra.

Chamamos atenção do leitor para as palavras PROFUNDA e LARGA.  A seguir daremos provas dessas dimensões e ainda do comprimento.

POÇO DA PERDIÇÂO

"Mas tu, ó Senhor, os farás DESCER AO POÇO DA PERDIÇÃO" (Salmos 55:23) e, no Salmo 40:2: "Tirou-me dum LAGO HORRÍVEL, dum charco de lodo".  As figuras são reais.  Charco ou lago e poço, os três dão uma ideia do lugar.  Ele é mesmo nas profundezas marítimas. 

O Salmo messiânico de número 71:20, falando o salmista da ida de Cristo ao inferno e de sua volta ao céu, assim falou: "Tu, que me tens feito ver muitos males e angústias, me darás ainda a vida, e me tirarás dos ABISMOS DA TERRA.  Aumentarás a minha grandeza, e de novo me consolarás".  Não se deve alimentar dúvidas sobre esses ABISMOS DA TERRA.  É mesmo a parte mais baixa da terra a que Paulo se refere, donde Ele subiu à mais alta posição no céu.

Esse fato está prefigurado na vida de José do Egito, quando do cárcere emergiu e subiu ao trono.  Da posição mais baixa à mais elevada.  É Cristo que se humilhou a si mesmo, tomando sobre si os nossos pecados e não se recusando mesmo ir cumprir toda a justiça, pelo que desceu do inferno, a fim de que nós dele escapássemos, sendo depois posto no céu, acima de todos, "pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome".  (Filipenses 2:9).  José, quando saiu da prisão e foi colocado no trono, ouviu as palavras de Faraó: "Eu sou Faraó: porém sem ti ninguém levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito ... somente no trono eu serei maior que tu" (Gênesis 41).   De Cristo é dito: "Por que todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés.  Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro que se excetua Aquele que lhe sujeitou todas as coisas" (I Coríntios 15:27).  Tal como no caso de Faraó; só excetua a pessoa que lhe sujeitou todas as coisas.  Daí a razão por que Cristo declara: "Todo o poder me foi dado, no céu e na terra". 

VISTO NA TERRA

Outra citação do Velho Testamento que indica ser na terra: "É sairão, e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror para toda a carne" (Isaías 66:24).  Essa passagem profética se refere a um tempo após a criação do novo céu e da nova terra, período profetizado por vários profetas e por escritores do Novo Testamento, como Pedro, e João em Apocalipse.

A literatura messiânica, dentro das outra literaturas bíblicas, é a que mais se destaca na indicação do local do inferno, devido ao fato de serem aí descritos em linguagem iniludível, os sofrimentos do substituto dos homens remidos de seu pecado, a saber: O Cristo de Deus. 

Passemos a analisar algumas passagens desse gênero, Salmos 88:6-7: "Puseste-me no MAIS PROFUNDO DO ABISMO, EM TREVAS E NAS PROFUNDEZAS.  Sobre mim PESA A TUA CÓLERA; tu me abateste com todas as tuas ONDAS".  e verso 8: "ESTOU FECHADO, NÃO POSSO SAIR".  Versos 10,11 e 12.

Em consonância com os outros salmos da mesma classe já citados, vê-se que o lugar onde o Messias foi sofrer é mesmo debaixo das águas. 

Senão, vejamos o Salmo 86:13.  "Pois grande é a tua misericórdia para comigo, e livraste a minha alma DO MAIS PROFUNDO DA SEPULTURA".  Em muitas passagens das Escrituras Sagradas a sepultura e o inferno se confundem.  E deve ser observado esse fato com seriedade.  Pois muitos já se confundiram aí, e caíram na heresia da doutrina que ensina a não existência do inferno.  Sustentam algumas seitas que o inferno é a sepultura e nada mais. Essa doutrina implica na anulação de muitas passagens claras da Bíblia.  Nem sei como pregam esses doutrinadores, que Cristo nos veio salvar, se não há inferno.  Salvar de que? é preciso um esforço tremendo para enfrentar o ensino claro de Joao Baptista, de Jesus, Paulo, Pedro e de todos que escreveram a Bíblia, os quais são incisivos nas suas afirmações sobre a existência do inferno. 

A razão por que o inferno é chamado de sepultura, é que há uma inter-relação dos dois lugares.  Um é bem o símbolo ou um retrato do outro.  Assim, podemos dizer que a sepultura é o lugar de punição do corpo: "Tu és pó, e em pó te tornarás".  Enquanto que o inferno é a sepultura do espírito.  Todos os pecadores, desde o pai do pecado, até o último homem, que se rebelar contra Deus e se enfileirar com os demônios, irão para o grande sepulcro.  As passagens, que citaremos a seguir, vêm em abono dessa verdade.

TREVAS

Em trevas e nas profundezas.  Essa escuridão atribuída ao inferno não é de ordem espiritual.  É que a situação dele é mesmo em zona escura; dado o fato de que a luz não vai além de 200m de profundidade na água salgada.  Ora, sendo o inferno a mais profunda depressão da terra, logicamente, só poderia ficar na escuridão; pois, como veremos mais adiante, essa depressão é uma autêntica sepultura.  Haja vista, o passo encontrado em Salmos 7:15: "cavou um poço e o FEZ FUNDO, e caiu NA COVA que fez".  Neste verso, não só se confirma a tese em lida, mas ainda se esclarece ser o transgressor quem CAVA sua própria ruína.  Isto é, faz o seu próprio inferno.

Salmos 9:15 e 17: "As gentes precipitaram na COVA que abriram; na REDE que ocultaram ficou preso o seu pé.  O Senhor é conhecido pelo juízo que fez; ENLAÇADO ficou o ímpio nos seus próprios feitos. Os ímpios serão LANÇADOS NO INFERNO e todas as gentes que se esquecem de Deus". 

E também Salmos 94:13: "Para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra A COVA PARA O ÍMPIO".

ATACANDO EM CHEIO

Passamos, agora, às passagens mais incisivas na comprovação de nossa tese: "E, se se esconderem no cume do Carmelo, buscá-los-ei, e dali os tirarei; e, se ocultarem aos meus olhos NO FUNDO DO MAR, ali darei ordem À SERPENTE, e ela os morderá" (Amós 9:3). O leitor já pensou nessa serpente, que vive no fundo do mar e que morderá aos ímpios que forem para lá? Que a alusão é ao Satanás, não há dúvidas.  Vejamos outro profeta: "Naquele dia o Senhor castigará com a sua dura espada grande e forte, a LEVIATÃ, A SERPENTE veloz, e a leviatã, A SERPENTE TORTUOSA, e matará o dragão, que está MAR" (Isaías 27:1).  Essa é a mesma pessoa.  Mas vejamos ainda outras: "Então te farei descer com os que descem à COVA, ao povo antigo, e te deitarei NAS MAIS BAIXAS PARTES DA TERRA, em lugares desertos antigos, com os que descem à COVA..." (Ezequiel 26:20).

"Os teus remeiros te conduziram sobre GRANDES ÀGUAS; o vento oriental te quebrantou NO MEIO DOS MARES" (Ezequiel 27:26).  E, "...e todos os teus soldados, que estão em ti, juntamente com toda a tua congregação, que está no meio de ti, cairão no meio dos mares no dia da tua queda" (Verso 27).

"No tempo em que foste quebrantada NOS MARES, NAS PROFUNDEZAS DAS ÀGUAS, caíram os teus negócios e TODA A TUA CONGREGAÇÃO no meio de ti" (Verso 34).

Examinemos ainda o capítulo 28 do mesmo Ezequiel; "À COVA te farão descer, e morrerás da morte dos traspassados NO MEIO DOS MARES" (Verso 8).

E, "Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz DESCER AO INFERNO com os que DESCEM À COVA: todas as árvores do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as que bebem águas, se consolavam NA TERRA MAIS BAIXA" (Ezequiel 31:16).  "E A TERRA ONDE NADAS regarei com o teu sangue até aos montes" (32:6).

"Faze-a descer, a ela e às filhas das nações magnificas, à TERRA MAIS BAIXA, aos que descem À COVA" (Ezequiel 32:18).  E o verso 21 e 23 assim se expressa: "os mais poderosos dos valentes lhe falarão DESDE O MEIO DO INFERNO, com os que a socorrem ...", "Os seus SEPULCROS foram postos NO MAIS INTERIOR DA COVA, e seu ajuntamento está em redor do seu sepulcro; todos foram traspassados, e caíram à espada OS QUE TINHAM CAUSADO ESPANTO NA TERRA DOS VIVENTES". 

"Eles desceram incircuncisos às mais baixas partes da terra, causaram terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram à COVA" (capítulo 32:24).  

Convém ter em mente o fato de COVA, sepultura e inferno, que nestas passagens se confundem.  Elas se confundem, mas o leitor nunca se deve confundir, sempre que o seu sentido varia, para que não lhe aconteça como com o autor de "O HOMEM AQUE E ALÉM", obra SABATISTA, onde não há apenas a confusão dos sentidos expressos nas Escrituras, mas a má fé e a infidelidade ao texto e a desonestidade no uso das escrituras entraram vigorosamente em ação.

Como já ficou dito anteriormente, a fotografia não é a pessoa, assim o símbolo não é a coisa representada, pelo que, sepultura não pode ir além dum símbolo de inferno, ou, quando muito, o inferno do corpo, donde ser fácil ao adventista aceitar a teoria da extinção do espírito. 

Convém ressaltar aqui, por rarearem as oportunidades de se ensinar uma tal verdade no simbolismo cristão, que a razão por que o batismo de João Batista teria forçosamente de ser na água, é que batismo não significa apenas enterro.  Significa antes UM ENTERRO DO ESPÍRITO NA GRANDE SEPULTURA DAS PROFUNDEZAS DO MAR - a saber - do inferno.  Cristo desceu às partes mais baixa da terra, onde foi batizado em lugar dos pescadores que Ele salvou.  Daí poder Paulo afirmar: "Não sabeis que todos quanto fomos batizados em Jesus Cristo FOMOS BATIZADOS EM SUA MORTE?" (Romanos 6:3). 

Ora, simbolizando o batismo essa ida ao fundo do mar, em termos e figura de enterro, fica meridianamente claro que esse símbolo tem de ser praticado debaixo d´água (vide "Luz Sobre Batismo" do mesmo Autor).  Veja-se de relance a descrição dos sofrimentos de Cristo no inferno, através da visão profética de Davi: "Cordas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam ... Então a TERRA SE ABALOU E TREMEU e os FUNDAMENTOS DOS MONTES  também se moveram e se abalaram, porquanto se indignou.  Abaixou os céus, e desceu, e a ESCURIDÃO ESTAVA DEBAIXO DE SEUS PÉS.  Fez das TREVAS O SEU LUGAR OCULTO; o pavilhão que o cercava era a ESCURIDÃO DAS ÁGUAS e as nuvens dos céus ... foram vistas as PROFUNDEZAS DAS ÁGUAS, E FORAM DESCOBERTOS OS FUNDAMENTOS DO MUNDO; ... enviou desde o alto, e me tomou; TIROU-ME DAS MUITAS ÁGUAS" (Salmos 18:5,7,9,11,15,16).

Neste salmo, embora o autor se preocupe apenas com os sofrimentos e a libertação do Salvador, não deixa de dar uma boa doze de descrição do lugar onde esses sofrimentos ocorreram.  

"Senhor, fizeste SUBIR a minha alma da SEPULTURA (aqui é SEOL - inferno no duro); conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo" (Salmo 30:3).

"A tua justiça é como as grandes montanhas (alta); os teus JUÍZOS são um grande abismo" (Salmo 36:6).  As ideias aqui expostas são antagônicas.  Fazem pensar no céu e no inferno.

"Atolei-me em PROFUNDO LAMAÇAL, onde se não pode estar em pé; entrei na PROFUNDEZA DAS ÁGUAS onde a CORRENTE me leva.  Tira-me do LAMAÇAL, e não me deixes atolar: seja eu livre dos que me aborrecem, e DAS PROFUNDEZAS DAS ÁGUAS.  Não me leve A CORRENTE DAS ÁGUAS  e não me sorva o abismo, nem o poço cerre a sua boca sobre mim" (Salmos 69: 2,14, e 15). Todos os termos aqui são relacionados com o mar.  É difícil, talvez impossível, encontrar-se na Bíblia uma referência ao inferno que não seja em termos d´água, de abismo e de profundezas. 

No livro mais antigo da Bíblia, o de Jó, temos a mesma linguagem; nem podia ser diferente, dado o fato de ser o Santo Espírito o único autor de toda a Bíblia.  Vejamos o que esse nos diz: "Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão, mesmo assim me SUBMERGIRÁS NO FOSSO ..." (Jó 9:30 e 31).  A doutrina das boas obras aqui está em apuros.  "Antes que me vá, PARA NUNCA MAIS VOLTAR à TERRA DA ESCURIDÃO e da sombra da morte.  TERRA ESCURÍSSIMA.  como a mesma escuridão, TERRA DA SOMBRA DA MORTE e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão" (Jó 10:21-22).  O texto em apreço corrobora com o que já ficou dito sobre a escuridão do inferno ou do fundo dos mares. 

A denominação de TERRA não contradiz a tese.  Para os espíritos tanto faz estar em terra como n´água, desde que a vida do espírito independe do ar ou do clima.  Aqueles LUGARES ÁRIDOS de que Jesus falou: "E, quando o espírito imundo tem saído do homem, ANDA POR LUGARES ARIDOS, buscando repouso, e não encontra" (Mateus 12:43), são os mesmos lugares já tantas vezes referidos.  É a morada dos demônios.  Lá não há REPOUSO.  O descanso ou o repouso dizem respeito ao céu.  A peregrinação no deserto feita por Jesus, após o seu batismo, em tão má companhia, é bem uma experiência equivalente a uma ida ao inferno.  "Mas Deus remirá a minha alma do poder do inferno, pois me receberá" (Salmo 49:15). Aqui, quem fala do sofrimento em nosso lugar, é Cristo na visão profética de Rei poeta. 

Mais um roteiro para confirmação do que vimos afirmando, é o caso dos porcos gadarenos.  "E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas NOS SEPULCROS ... E guardavam-no preso com grilhões e cadeias, mas, quebrando as prisões era impelido pelo demônio para os DESERTOS ... e rogavam-lhe que os não mandasse para o ABISMO, (águas profundas).  E andava ali pastando no monte uma vara de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar neles; e concedeu-lhe.  E, tendo saído os demônios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se de um despenhadeiro NO LAGO e afogou-se" (Lucas 8:27,29,31 a 33).

Por que os demônios não queriam ir logo para o ABISMO, entretanto, permitido que foi entrarem nos porcos, estes em ato contínuo foram impelidos ao lago, onde morreram e os demônios seguiram seu cruel destino. 

A predileção dos endemoniados pelos sepulcros e pelos desertos, é digno de ser notada.  Ambos simbolizam a mesma coisa. 

Os epilépticos também tem predileção pela água ou pelo fogo, para caírem (Mateus 17:15). 

Também o apóstolo João confirma que a prisão de Satanás é o mesmo lugar.  "E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do ABISMO, e uma grande cadeia na sua mão.  Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.  E lançou-o no ABISMO ..." (Apocalipse 20:1 e 3). 

DIMENSÕES DO GRANDE SEPULCRO

O inferno é o sepulcro de Satanás.  Não sei por que os seres morais, rebelando-se, terão como prêmios de sua desobediência, uma sepultura.  

Ao homem, após sua desobediência foi dito: "Em pó te tornarás".

A Lúcifer, em circunstâncias idênticas, foi dito: "À COVA TE FARÃO DESCER, E MORRERÁS DA MORTE DOS TRASPASSADOS NO MEIO DOS MARES" (Ezequiel 28:8).  Com Adão estava se perdendo uma humanidade.

Com Lúcifer, estava, também, se perdendo uma ordem angélica de proporção numerosa e de tamanho jamais conhecido dos homens.  É evidente que Adão pode escapar à segunda morte que é o sepulcro do espírito; esse grandioso vale onde serão sepultados o Diabo e os demônios, seus subalternos e os espíritos dos homens que desobedecem a Deus e se entregam às obras do Diabo.  

Como da Cidade Santa - o céu, nossa futura habitação que Jesus foi preparar para os seus seguidores (João 14:2) se dá na Bíblia as dimensões em cúbitos, sendo que no Velho Testamento se encontra até nos menores detalhes, nas descrições do Tabernáculo ou do Templo, ou nas visões de Ezequiel, assim, embora com menos minúcias, se descreve o inferno.  

Só a denominação de sepultura já bastaria para se ter uma ideia.  Mas Jesus o descreveu por meio das figuras de comparação.  Vejamos na linguagem do Mestre essas comparações: "Mandará o Filho do Homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que comentem iniquidade.  E lançá-los-ão na FORNALHA DE FOGO; Ali haverá pranto e ranger de dentes" (Mateus 13:41-42).

"Assim, será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus dentre os justos.  E lançá-los-ão na FORNALHA DO FOGO" (Mateus 13:49-50).

Nas passagens do Novo Testamento onde ocorre a tradução de GEHENA por inferno é evidente a intenção de Jesus.  Ora, Gehena é o vale dos filhos dos Hinnon - um fundo vale situado fora dos muros de Jerusalém, e para onde se lançava o lixo da cidade, o qual ardia de inverno a verão, sem jamais se apagar.  Esse gato fez que Jesus chamasse ao inferno de Gehena.  Duas outras razões havia por que Jesus poderia usar a figura em apreço para significar o inferno: o vale estar fora dos muros da cidade que simboliza o céu e o sentido histórico de o vale se ter transformado em vale da matança em lugar de vale dos filhos de Hinnon, como se chamava na antiguidade dos Hebreus.  Ora, nada neste mundo é mais parecido com o inferno do que um fundo vale servindo de depósito de lixo, em contínua incineração. 

O fato de o Mestre haver usado a figura da Gehena para ensinar sobre a pena eterna tem dado motivo para os adversários negarem a realidade de sua existência. 

No Velho Testamento temos, além das indicações de ser um lugar profundo, a informação de que se trata dum lugar LARGO E PROFUNDO, situado NAS MAIS BAIXAS PARTES DA TERRA, tendo POR LIMITES O FUNDO DO MAR (Ezequiel 27:4).  Sabendo-se que sua localização é na terra, nas partes mais baixas e que essas partes mais baixas são no mar, resta pouco para se chegar a uma conclusão certa. 

A propósito dessa localização vamos transcrever aqui, com a devida vênia do autor, um bom artigo que "O JORNAL BATISTA", de 13 de agosto de 1959, publicou.  O autor é o Sr. Raymundo L. Cox.  O título é: 

QUAL A PROFUNDIDADE DO OCEANO?

"Qual é a profundidade do oceano? Consideravelmente mais profunda do que a altura das mais elevadas montanhas da terra! Os cientistas de modo algum estão certos se já foi descoberta a mais profunda depressão do oceano.  Entretanto, sabe-se que há regiões em que a profundidade do mar é maior do que os mais elevados picos de montanhas.  

A mais elevada cadeia de montanha do mundo é a do Himalaia.  Acima das demais montanhas, eleva-se o Everest a uma altitude de 9.000m acima do nível do mar.  Mas uma das mais profundas depressões do oceano tem aproximadamente mais 1500m do que a altura do Everest! 

A Leste do Japão esta depressão prolonga-se aproximadamente a 965.000m de extensão por uma largura de 99.750m.  A sua profundidade estima-se, em 10.065m.  A depressão é chamada "A Profundidade do Japão". 

Os arrojados exploradores do fundo do mar cedem aos atrativos de descer a estas profundezas.  No verão de 1958 uma expedição de franceses, sob a orientação do Comandante Georges Hout, detentor do recorde mundial de descidas no mar, iniciou a pesquisa.  O grupo planejava mergulhar em um aparato especial em regiões até então inexploradas.  

Um grupo de cientistas japoneses reuniu-se aos franceses, esperando que este imenso vale submarino - uma espécie de Cordilheira do Himalaia invertida, no fundo do oceano - finalmente fosse considerado apropriado para nele jogarem as sobras do material radioativo, sobras estas que continuam a constituir sério problema para os cientistas.  Até hoje, não se descobriu lugar na terra onde se possa depositar com êxito sobras de matérias radioativas.  Talvez a mais profunda depressão no oceano ofereça a segurança para impedir a contaminação.  

Muito antes da era atômica as profundezas do oceano proveram o local para o sepultamento de contaminações mais mortíferas do que sobras de matérias radioativas. 

Em 1927, o diretor musical do tabernáculo de Paul Rader, em Chicago, viajava a bordo do "Leviathan" com destino à Europa.  Merrl L. Dunlop de pé junto à amurada deliciava-se em contemplar o oceano.  Enquanto ele observava o casco a cortar as águas agitadas, veio-lhe repentinamente à sua memória a exclamação exultante de Miquéias, "...e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar".  A experiência forneceu a inspiração para compor um cântico sacro, hoje nos hinários evangélicos. 

"Meus pecados foram apagados, eu o sei! Foram lançados nas profundezas do mar; meus pecados foram apagados, eu o sei!" 

O pecado é um contágio universal.  A contaminação radioativa é comparada à iniquidade.  Pois toda a raça humana foi infectada pelo pecado desde o princípio do mundo.  E a gravidade do pecado não ousa diminuir-se, pois, a sua consequência é morte certa. 

Mas Deus proveu um lugar onde podemos depositar a nossa culpa. Os pecados dos santos estão submersos nos mares - nas profundezas do mar.  A mais profunda depressão do oceano talvez seja a "Depressão do Japão".  Ou é provável que haja lugar até mais profundo. Mas onde quer que que o mar seja mais profundo, ali Deus sepultou os pecados do Seu povo.  (Os grifos são nossos).

Qual é a profundidade do oceano? Suficientemente profundo para afogar os pecados daquele que crê. Suficientemente profundo para sepultá-los para todo o sempre. 

Uma alma livre certa vez exclamou: "Deus lançou os meus pecados nas profundezas do mar, o diabo não pode construir um submarino que submerja o suficiente para traze-los de volta".

Seria mais fácil esvaziar o oceano com um baldezinho de praia do que exaurir a misericórdia divina para com os pecadores arrependidos!

Uma antiga canção popular equiparava perguntas que mediam as profundezas e as alturas: "Qual é a profundidade do oceano? Qual é a altura dos céus?" 

A primeira pergunta já obteve a resposta.  O oceano tem a profundidade suficiente para sepultar os nossos pecados.  Mas, qual é a altura dos céus?

O Salmista foi arrebatado por uma revelação das alturas do céu.  Ele registrou: "Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem".

Davi podia contemplar apenas uma pequena fração das miríades de estrelas que os modernos cientistas conhecem atualmente.  Cada descoberta sucessiva que revela ao homem mais estrelas no aparentemente incomensurável espaço deveria aumentar a nossa apreciação do escopo da misericórdia inexaurível de Deus. 

Sim, as perguntas se ligam mutuamente.  "Qual é a profundidade do oceano? Qual é altura dos céus?"

A graça redentora de Deus é infinita e absoluta.  Não há uma ilustração sequer que esclareça a sua numerosa depressão.  De fato, não há combinação de comparações que possa exaurir a sua plenitude.  A misericórdia divina é tão grande quão elevado é o céu.  O Seu perdão sepulta as iniquidades em local incomensurável.

Não é de admirar que Miquéias exultasse: "Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade, e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? Ó Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade.  Tornará a apiedar-se de nós; subjugará as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar" (Miquéias 7:18-19).

Nem tampouco serão tais pecados içados do fundo para embaraçar os salvos na eternidade, pois quando se alcançar o estado eterno, os mares terão desaparecido.  "E, vi um novo céu, e uma nova terra.  Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe". (Apocalipse 21:1).

O desaparecimento dos oceanos não deixará o menor vestígio de transgressão. 

A vida do homem na terra talvez se torne mais segura se for possível lançar sobras de matérias radioativas na "Depressão do Japão".  Mas a vida cristã na eternidade já se tornou segura, pois os pecados de um homem salvo foram lançados no mais profundo mar do amor, da misericórdia e do perdão de Deus.

O articulista beirou mais a verdade do que seria necessário para vislumbra-la. 

Não compreendo por que ele tanto repetiu os fatos claramente ensinados no texto, afirmou e reafirmou para depois negá-los, pois, Ele confunde o inferno, onde os pecados foram sepultados na pessoa de Cristo, com o mar do amor, da misericórdia e do perdão de Deus.

Acho que poderíamos, quando muito, estabelecer uma comparação.  Mas não devemos confundir, pois o profeta Miquéias foi claro e não deixou a menor sombra de dúvidas. 

Afirmamos que os nossos pecados foram lançados no mar da ira de Deus e "a ira de Deus sobre ele permanece" (João 5:36), mas nunca no oceano de seu amor.  O seu amor está reservado para nós, para nossas almas.  Os nossos pecados foram castigados em Jesus, e, por isso mesmo, Ele teve de ir às profundezas infernais, em nosso lugar.  Mas Ele foi às regiões mais baixas da terra, como Jonas, que de lá bradou: "Na minha angústia clamei ao Senhor, e Ele me respondeu: do VENTRE DO INFERNO gritei, e tu ouviste a minha voz.  Porque tu me lançaste no profundo, NO CORAÇÃO DOS MARES, e a corrente me cercou;  todas as tuas ONDAS e as tuas VAGAS tem passado por cima de mim.  E eu disse: lançado estou diante dos teus olhos; todavia tornarei a ver o templo da tua santidade.  As ÁGUAS me cercaram até a alma, o ABISMO me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça.  Eu desci ATÉ AOS FUNDAMENTOS DOS MONTES; os ferrolhos da terra cerraram-se sobre mim para sempre, mas tu livraste a minha vida da perdição, ó Senhor, meu Deus" (Jonas 2:2-6).  

É que "o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53:5).

O que deve ficar registrado sem rodeios e o que a Bíblia realmente ensina é que os nossos pecados foram atirados nas profundezas do mar, pois o inferno está ali localizado.  E Cristo foi lá, para ser punido em nosso lugar.

Sobre essa matéria, recomendamos a leitura de "Luz sobre Batismo" do mesmo autor, através das figuras de Daniel na cova dos leões, os companheiros de Daniel na fornalha, e outras figuras representativas de Cristo nos sofrimentos infernais.  Mas a mais interessante de todas as figuras desse evento messiânico é a do bode expiatório, que foi mandado ao deserto, carregado de pecados. Este é a representação de Cristo carregado de nossos pecados e indo aos LUGARES ÁRIDOS das profundezas marítimas.  "Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades" (Isaías 53:4).

Se hoje os homens estão procurando a região mais baixa da terra na parte coberta pelas águas para ali atirarem os detritos de matérias atômicas, por ser isso um perigo à vida não é demais aceitar o que a Bíblia ensina em expressão categórica sobre o pecado que é o maior perigo à vida do espírito. 

Apreciamos as dimensões da depressão do mar do Japão.  Efetivamente, um lugar com as dimensões já apuradas de 965400m, multiplicado por 99750m, multiplicado por 10065m, dá certeza da capacidade da cidade dos mortos, da terra do esquecimento. 

A Cidade Santa tem as seguintes dimensões: 2.400.000m x 2.400.000m x 2.400.000m = 13.824.000.000km².  É imensamente maior do que aquela depressão. Se o inferno for lá, alguém oporá: como? Se a maioria dos homens se perde? 

A essa objeção, respondemos:

1. Não se sabe se no fim das contas a maioria se perde, o que duvidamos muito; 

2. O céu é lugar de conforto, pelo que deve mesmo ser amplo;

3. O inferno é um barreiro de lixo criado apenas para o Diabo e seus anjos.  Esses outros inquilinos intrometidos devem contar com a falta de espaço, com o amontoamento e o aperto.  Até onde se pode saber, o lugar é de choro e ranger de dentes. "É LUGAR ÁRIDO ONDE NÃO HÁ REPOUSO" (Mateus 12:43).  Porém, o mais certo é que o mar do Japão não é o local indicado nas Escrituras, por não ser a maior profundidade do mar. 

A propósito do mar mais fundo, citamos aqui o cientista francês, Elisée Reclus em "Les Phenoménes Terrestes - Le Mers et Les Méteores", a página 11: "Entre le pacifique et la mer des Indes, au sud des iles de la Sonde, le capitaine Ringgold a trouvé le fond à plus de 14 kilomètres au-dessous de la surface". 

Ai está a informação anterior àquela outra, do mar mais profundo.  Se esse tiver, como bem parece, dimensões no sentido da largura e do comprimento, esta aí a possível localização do inferno.  Entretanto, o mais importante não é saber precisamente o local, senão apenas saber que é debaixo das águas, razão por que a Bíblia inteira o afirma.  Não sei por que os homens pensam dos espíritos como sendo homens na vida do corpo.  Daí a dificuldade de acreditarem na possibilidade de o inferno estar situado nas profundezas do oceano.  Por mais que a Bíblia o afirme, as mentes dos leitores sempre se mostraram veladas.  Pensam, então, que os espíritos respiram? Que será porque o inferno é de fogo? Será que também pensam em fogo alimentado por matéria? 

A propósito de o inferno ser nas profundezas do oceano, vem a lume uma descoberta do significado de outro ensino bíblico que é dado através dum símbolo.  No nosso livro "Luz sobre Batismo", está provado que o batismo é símbolo da ida de Cristo ao inferno.  Quando o batizando é imerso. Esse ato simboliza simultaneamente os dois enterros: O do batizando, que declara ter morrido para o pecado e o de Cristo, que foi imerso no inferno por aquele que nele crê. 

Ora, se efetivamente o inferno é nas profundezas das águas, com muita razão esse ato só poderia ser praticado n´água, para ter um sentido exato do que simboliza.  Desse modo, por vias incertas, chegamos a conclusões certas. Pois as verdades bíblicas se ajudam mutuamente.   

OS SOFRIMENTOS

Pouca cousa há tão ridícula como as descrições que certos religiosos tem dado dos sofrimentos infernais.  Também dificilmente se poderia prestar melhor serviço à causa da incredulidade.  Por isso, em franco desrespeito aos claros ensinos de Cristo, gente que se diz cristã, ensina que inferno não existe, que é simbólica a figura; outros ensinam a extinção do espírito do pecador perdido. 

Sejamos sóbrios, e aceitemos sem restrições o que o Mestre nos ensina, em harmonia aos ensinos do Velho Testamento.  Um frade descreveu o inferno com tanto exagero, deu tanto calor ao inferno que um incréu o desejou para uma usina siderúrgica.  Seria bom pensar em inferno como um lugar onde o material não existe.  é verdade que se fala em FOGO, LENHA, bicho que rói, etc., mas tudo isso tem plena aplicação aos sofrimentos espirituais, sofrimentos esses que o homem começa a experimentar mesmo na vida do corpo.  Passemos às citações, com as devidas explicações: "Eis que todos VÓS, QUE ACENDEIS FOGO, E VOS CINGIS COM FAÍSCAS; ANDAI ENTRE AS LABAREDAS DO VOSSO FOGO, E ENTRE AS FAIXAS QUE ACENDESTES; isto vem da minha mão, e EM TORMENTOS JAZEREIS".

Eis aí um texto rico em revelação sobre a natureza do fogo do inferno.  Veja-se que o fogo é aceso pelos próprios condenados.  VOSSO FOGO dá a entender que se trata de algo neles mesmos.  Algo feito pelos próprios indivíduos. 

São muitas as escrituras que atestam essa doutrina, pelo que afirmam, sem receios, que os sofrimentos infernais são internos e da economia exclusiva do condenado. Citaremos algumas em abono de nossa afirmação: "CAVOU UM POÇO e o fez fundo, E CAIU NA COVA QUE FEZ" (Salmo 7:15).  "INCENDEU-SE DENTRO DE MIM o meu coração; enquanto eu meditava SE ACENDEU UM FOGO.

Muitos são os que sabem experimentar esse fogo que acende quando se medita.  Após a prática de delitos, de pecados ou mesmo da omissão do cumprimento dum dever para com nosso próximo, quem suporta o ardor do fogo que consome?

"Visto que AMOU A MALDIÇÃO, ELA LHE SOBREVENHA, e pois que não desejou a bênção, ela se afaste dele". (Salmos 109).

"Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até o mais profundo do inferno" (Deuteronômio 32:22).  

Um caso típico dos sofrimentos infernais começou aqui nesta vida.  É o caso bem conhecido, ocasionado pela traição a Jesus.  Judas desejou o prêmio da traição.  Ele conhecia muito bem a Jesus.  Sabia que era um homem de bem e temia perder sua amizade, mas estava assás cansado de esperar algo que lhe compensasse suas peregrinações em companhia dos outros apóstolos.  Nada de positivo.  Agora o movimento messiânico entrava em crise aguda. 

Judas hesitava entre as promessas dum céu hipotético, situado além das fronteiras das coisas provadas, das coisas visíveis, e um prêmio polpudo que os sacerdotes, os homens de Deus lhe dariam pela entrega simples dum homem que jamais se escondera das autoridades, pois nenhum remorso o incomodara.  Agiu pelos impulsos, abafando a consciência, dando asas à gana de possuir dinheiro. 

Fê-lo.  

Depois quedou-se e um fogo se acendeu em seu interior. 

Queria apagá-lo, mas não encontrou com que.  Tudo a que se apegava era-lhe mais lenha, mais matéria que lhe aumentava ainda mais a combustão.

Correu aos sacerdotes, seus cooperadores no crime, confessou-lhes o seu pecado. A resposta não se fez esperar: "Isso é lá contigo".  Porém, após do ato de desespero, atirando-lhes as moedas, a situação se mudou.  Se a Judas parecia insuportável conduzir o preço da vil traição, mais incômodo ainda foi aos sacerdotes guarda-lo no Templo.  Estes homens começaram a experimentar ainda nesta vida o ardor da ira de Deus.  "EIS TODOS VÓS QUE ACENDEIS FOGO, E VOS CINGIS COM FAIXAS".  Suportai o ardor, de vosso fogo.

"Eu, pois, fiz SAIR DO MEIO DE TI UM UM FOGO, QUE TE CONSUMIU A TI,  e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que veem".  (Ezequiel 28:18B).

O mesmo afirma Ezequiel: "Assim diz o Senhor Jeová: Eis que ACENDEREI EM TI UM FOGO QUE em ti consumirá toda a árvore verde e toda a árvore seca; NÃO SE APAGARÁ A CHAMA FLAMEJANTE ..." (Ezequiel 20:47B).

E, "por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com O FOGO DO MEU FUROR OS CONSUMI; fiz que o SEU CAMINHO RECAÍSSE SOBRE AS SUAS CABEÇAS, diz o Senhor Jeová". (Ezequiel 22:31).  Assim, vimos algo sobre a natureza do fogo que arderá no inferno.  Essa afirmativa se harmoniza com "o bicho que rói, que nunca cessa".  "E sairão, e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra mim; PORQUE O SEU BICHO NUNCA MORRERÁ! NEM O SEU FOGO SE APAGARÁ" (Isaías 66:24).  Parece mais plausível e mais em harmonia com os ensinos da Bíblia pensar nos sofrimentos na razão direta da culpa.  Se o fogo que queima e o bicho que rói  são as torturas oriundas da consciência, decerto não irão além das faltas cometidas.  Quanto à duração, já se discutiu isso em "Coerência da Pena Eterna".

Releva registar que Jesus foi muito claro quando tratou deste assunto. 

Citaremos alguns textos onde Jesus falou sobre esta questão: "E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá PRANTO E RANGER DE DENTES" (Mateus 25:12).  "Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ALI HAVERÁ PRANTO E RANGER DE DENTES" (Mateus 25:30).  "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: APARTAI-VOS DE MIM, malditos, PARA O FOGO ETERNO, preparado para o Diabo e seus anjos; ... e irão estes para o tormento eterno ..." (Mateus 25:41 e 46).

E em Lucas, onde Jesus fala no teor seguinte: "E virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e SEPARÁ-LO-Á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.  E o servo que soube a vontade do seu Senhor, e não se aprontou nem fez conforme a sua vontade; SERÁ CASTIGADO COM MUITOS AÇOITES; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, COM POUCOS SERÁ CASTIGADO.  E, a qualquer que MUITO FOR DADO MUITO SE LHE PEDIRÁ, e ao que MUITO SE LHE CONFIOU, MUITO MAIS SE LHE PEDIRÁ"  (Lucas 12:46 a 48).

Também no Velho Testamento: "E será que, se o injusto merecer açoites, o juiz o fará deitar, e fará açoitar diante de si, QUANTO BASTAR PELA SUA INJUSTIÇA, por certa conta" (Deuteronômio 25:2).  Essa modalidade de castigos prefiguram os castigos da eternidade que serão na medida dos crimes praticados.  Não em relação ao tempo, mas à intensidade.  Vejamos mais uma amostra do Novo Testamento: "Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifícios pelos pecados, mas uma certa EXPECTAÇÃO HORRÍVEL DE JUÍZO, E ARDOR DE FOGO que há de devorar os adversários".  (Hebreus 10:26-27). 

Aí está, em linguagem clara, uma descrição dos sofrimentos do inferno. Pecado consciente e sofrimento imediato.  Com certeza, após a morte o SUBCONSCIENTE já não será SUBCONSCIENTE.  Será uma tela em tamanho grande e à vista do pecador.

Note o leitor a palavra SEPARAR e a ideia da proporcionalidade da culpa e do castigo.  "Em verdade te digo que DE MANEIRA NENHUMA SAIRÁS DALI ENQUANTO NÃO PAGARES O ÚLTIMO CEITIL" (Mateus 5:26).  Quando se poderá saldar uma dívida por si mesma insolvável?

Em que pese a doutrina da predestinação flutuante em toda a Bíblia, acho prudente pensar numa DESTINAÇÃO prévia que poderia ser ou deixar de ser cumprida, responsabilizando o homem pelo não cumprimento de sua missão ou de seu destino.  E, como Deus diante mão já fez o homem com a capacidade de deliberar e com as disponibilidades indispensáveis à realização de sua missão, desta forma, Deus ajuda ao homem a fazer o bem ou o mal, como queira, mas no ajuste de contas, o homem é o responsável pelo bom ou mau uso que fez de seus dons, ou seja, do auxilio que Deus lhe deu;  pois o mais certo é que o direito de livre escolha do homem é a única condição da plausibilidade da pena eterna.  A salvação deve ser na base de acordo entre dois seres soberanos, onde o respeito mútuo e a vontade de ambos são preservados. 

Se o homem tivesse apenas de aceitar o plano pré-estabelecido  para executar, sua cota de responsabilidade seria nula e Deus estaria com a culpa dos que se perdem.  Desta forma, os textos que afirmam que o homem será devorado pelas convulsões de suas próprias chamas, estariam por terra e a Bíblia, em plena contradição.  Assim, marchamos para uma interpretação mais branda dessa doutrina. Podemos, seguindo esse raciocínio, entender por que Paulo diz que Deus, (citando Malaquias) disse: amei a Jacó e aborreci a Esaú.  E isso ocorreu antes do nascimento de ambos.  Deus ia respeitar a vontade do pecador, por isso poderia aborrece-lo, mesmo antes, pois para Deus não há tempo futuro nem passado.  Sabendo-se que para Deus todo o tempo é presente, fica mais fácil de entender-se como poderia Ele pré-estabelecer os castigos ou os galardões para os homens do futuro, sem desprezar a livre escolha do homem; pois aquilo que para nós significa ato soberano de Deus, praticado ARBITRÁRIA E PARCIALMENTE, consultando apenas o conselho de sua soberaníssima vontade, na realidade, é ato praticado em acordo bilateral.  Para isso Deus criando o homem, o criou à sua imagem e conforme à sua semelhança, dotado da mesma faculdade de escolher o bem ou mal.  Donde ser razoável a sua cota de responsabilidade, pois o homem é como Deus, nessa faculdade de escolher.  (Gênesis 3:22). 

SEPARAÇÃO

O inferno é a segunda morte.  É a morte do Espírito.  Como a morte é a separação, o homem que se separou de Deus está morto.  Ora, no ato de se apartar de Deus, o único a agir é o pecador, que o faz voluntariamente, seguindo o conselho de sua vontade.  Depois Ele se fartará do conselho de sua vontade (Provérbios 1:31).  

APÓS DO CATACLISMA

Talvez a parte mais difícil de entender-se na doutrina relativa ao inferno seja a que se refere ao tempo após a transformação por que há de passar a terra. 

Sustentando-se que o inferno é na terra e nas profundezas marítimas, quando se fala na destruição da terra e no desparecimento do mar, surgem as dúvidas.  Onde irá ficar o inferno após esse cataclisma? 

As Escrituras Sagradas falam de renovação, de recuperação da terra.  Noutra página já falei da RESSURREIÇÃO DA TERRA.  Na visão apocalíptica, o apóstolo João declara o seguinte:  "E vi um novo e uma nova terra.  Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe" (Apocalipse 21:1). 

Porém, um escritor sacro que se apresenta com um certo sabor da ciência moderna é o apóstolo Pedro.  Sua linguagem é mais dum estudante de física nuclear, do que dum pescador do Lago de Genezaré.  "Mas os céus e a terra que agora existem, pela mesma palavra SE RESERVAM COMO TESOURO, E SE GUARDAM PARA O FOGO, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios ... mas o dia do Senhor virá como ladrão de noite, no qual OS CÉUS PASSARÃO COM GRANDE ESTRONDO, E OS ELEMENTOS, ARDENDO, SE DESFARÃO, E A TERRA e as obras que nela há, se queimarão ... aguardando, e apresentando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus em fogo SE DESFARÃO, E OS ELEMENTOS, ARDENDO, SE FUNDIRÃO" (II Pedro 3:7,10 e 12).  A ideia expressa nesse texto é de fusão dos astros do nosso sistema planetário.  Se tudo não estivesse na mão do oleiro que do nada fez tudo, temeríamos a sorte de nossa terra.  Porém, o mesmo escritor se põe a nos acalmar com a confortadora promessa: "Mas nós, segundo a sua promessa, AGUARDAMOS NOVOS CÉUS E NOVA TERRA EM QUE HABITA A JUSTIÇA" (II Pedro 3:13).  Quando isso ocorrer, o paraíso adâmico terá sido restaurado.  A terra não mais produzirá "ESPINHOS  E CARDOS", e o céu e a terra voltarão a manter o seu primitivo intercâmbio, pois, o homem restaurado terá na terra sua morada feliz, e não mais precisará de pensar em ir a outro céu, pois "OS CÉUS SÃO OS CÉUS DO SENHOR, MAS A TERRA DEU-A ELE AOS FILHOS DOS HOMENS" (Salmo 115:16).  Deus terá seu tabernáculo na terra: "Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois, com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus" (Apocalipse 21:3).

NO FIM

Permanecerão na terra restaurada, a Santa Cidade, simbolizada, na Jerusalém dos dias de Salomão, quando havia PAZ DE TODOS OS LADOS. 

A cidade será iluminada pela presença do Cordeiro de Deus.  

Segundo as informações que a Bíblia nos dá daquela época futura, só os salvos residirão na cidade, pois "FICARÃO DE FORA OS CÃES, E OS FEITICEIROS, E OS QUE SE PROSTITUEM, E OS HOMICIDAS, E OS IDÓLATRAS, E QUALQUER QUE AMAE COMETE A MENTIRA" (Apocalipse 22:15).  "E NÃO ENTRARÁ NELA COISA ALGUMA QUE CONTAMINE, E COMETA ABOMINAÇÃO E MENTIRA" (Apocalipse 21:27).

Citamos aqui a maior dificuldade na interpretação destes fatos relacionados ao inferno.  É Apocalipse 20:14: "E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo; ESTA É A SEGUNDA MORTE".

Isto diz respeito ao tempo após o Juízo final.  Antes os perdidos estão na prisão, aguardando o juízo, precisamente como aconteceu aos anjos decaídos.  "E AOS ANJOS que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, RESERVOU NA ESCURIDÃO, E EM PRISÕES ETERNAS ATÉ AO JUÍZO DAQUELE GRANDE DIA" (Judas 6). 

Entendo que sendo o inferno no abismo, na maior depressão da terra, não havendo mais mar, se cumprirá o antigo provérbio: "Um abismo chama outro abismo" (Salmo 42:7).  Assim os que hoje estão imersos no abismo sob as águas, passarão ao abismo sem águas, abismos só dominado pelas chamas do fogo do inferno, não importando a espécie desse fogo.  É trevas só e só, pois a luz pertence à zona dos filhos da luz.  "EU SOU A LUZ DO MUNDO; QUEM ME SEGUE NÃO ANDARÁ EM TREVAS, MAS TERÁ A LUZ DA VIDA" (João 8:12).  É a essa época que a figura de GEHENA, usada por Cristo para representar o inferno, se refere e acha seu pleno cumprimento.

TRANSCRITO DO LIVRO DO PASTOR ZACARIAS CAMPELO. 

Prezado Leitor, concorda com o exposto neste artigo sobre o Capítulo VII do livro do Pr. Zacarias Campelo, quando ele afirma que o inferno não é um lago de chamas e enxofre e não está na terra e sim nas profundezas do mar? Contamos com seus comentários e opiniões sobre assunto.